4 de jun. de 2007

Re: Re: Oxaca

Por Mariana Vedder


Oaxaca, 6 de dezembro de 2006.


Juju, minha amiga,

Sua carta me deu vontade de chorar. Pensei em você ao meu lado fazendo cócegas na minha cintura para me fazer rir. Uma lágrima teimosa escapou do meu controle e caiu neste papel. Quando o envelope estiver em suas mãos a gota já vai estar seca. Mas meus olhos estão sempre marejados durante as horas em que fico na companhia das lembranças de nossos melhores momentos.
As coisas aqui às vezes me parecem sem solução, apenas me conforto (eu e todos os militantes) com o apoio que recebemos de tantas pessoas pela América Latina afora. Me emocionei com os dados detalhados da sua descrição. Noto que, ao contrário do que insiste o governo em mostrar, muitos brasileiros já desistiram. E com eles se foi a esperança. O que falta ao nosso povo é justamente ela: a esperança. Mas uma esperança projetada para o coletivo. Porque fé na vida, em Deus, Oxalá, ou em si próprios, isso os brasileiros têm de sobra.
Agradeço muito pelo seu empenho e lhe certifico de que não esperava menos de você. Sempre tão responsável, ativa, talentosa. Tinha a mais absoluta das certezas de que poderia contar com os meninos, mas, principalmente, com você.
Não só me lembro das manhãs em que prometíamos, sem sucesso, acordar mais cedo no dia seguinte, como me recordo também de outra jura que jamais cumprimos: a dieta de segunda-feira. Não se preocupe com meu gatinho. Provavelmente ele está na casa de Aline ou Priscila junto com os gatos delas.
Mal posso esperar pelo nosso inverno! Vai ser perfeito assim como todos os outros desde o ginásio.
Guto não respondeu à minha ultima carta. Imaginei mesmo que fosse acontecer desta maneira. É complicado parar alguém estável como ele – bem o oposto de mim – entender que 6 meses não são 6 dias. E que “no balanço das horas tudo pode mudar”. Amo-o demais para prendê-lo durante tanto tempo. Converse com ele, ninguém melhor que você para me representar. Faça-o ao menos dizer que me perdoa e que, quando esse tempo passar, seremos de novo o casal de revolucionários mais bonito. Já que foi você mesma que nos chamou assim, lembra? Não quero magoá-lo.
Encerro a carta tentando te mostrar minha saudade que aumenta a cada dia.
Uma única frase traduz isso:
Amo você eternamente!
Beijo de esquimó,
Mari :-)



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