27 de jun. de 2010

Despedida

Por José Leonardo Tadaiesky Batista

(Os dois estão sentados, separados , cansados. Talvez ela tenha chorado).
Ele – Quer dizer que você vai embora mesmo, assim? (Ela fez que sim) Está certo. Deve ser melhor para nós, quem sabe?
Ela – A gente não anda bem... me sinto mal, é preciso para nós dois.
Ele – Se é o que você quer, não sou eu que vou impedi-la.
Ela – Eu sinto muito! Isso é para a sua segurança... e para a minha. (Ele começa a chorar) Por favor, não chore, Pedro. Não quero te fazer sofrer, é necessário que eu me vá.
Ele – Então você não pensou direito no assunto quando decidiu ter essa conversa. É claro que estou sofrendo, mamãe!
Ela – Você sabe que seu pai me odeia, nós nunca seremos uma família novamente. Se eu ficar ele vai transformar sua vida num inferno também. (Ela se levanta) E isso não vai acontecer.
Ele – Mas nós já conseguimos fugir.
Ela – Mas não temos mais nenhum dinheiro. O melhor é eu sumir... e você voltar a morar com ele.
Ele - O quê? (Pedro se levanta) Você vai me mandar de volta para ele?
Ela – Você só tem dezesseis anos, Pedro, não pode ficar aqui sozinho.
Ele – Eu sei me virar.
Ela – Não, não sabe! (Ela se exalta). Seu pai é muito esperto, ele deve estar procurando por nós há muito tempo. É melhor que te encontre sozinho. Ele ama você, nunca te fará mal. O problema sou eu.
Ele – Eu sempre vou odiá-lo por te fazer sofrer. E nunca vou perdoá-lo por me separar de você.
Ela – Não diga isso, você vai ficar bem.
(Mãe e filho se dão um longo abraço. Os dois choram. Ela se vira, pega as malas e abre a porta)
Mãe – Eu amo você! (Ela sai)
(O silêncio reina. Algumas horas depois, ouvem-se batidas na porta. O pai entra).
Pai – Até que enfim te achei, meu filho. Estava preocupado. Cadê a... você sabe...
Pedro – Não está aqui. Ela me deixou. (Pedro está sério, olhos vermelhos fixos no nada).
Pai – Sábio da parte dela, fugiu de um processo e da cadeia. Sequestro é crime, afinal.
Pedro – Ela está longe agora.
Pai – Melhor assim, filho. Ela não podia te sustentar, eu posso. E tenho também a sua tutela, então não tem o que discutir. Pega suas coisas e vamos.
Pedro – Eu só quero que você saiba que eu te odeio e vai precisar de muito para que eu mude de opinião. Tarefa impossível, pai. (Tom sarcástico)
(Os dois se olham. Pedro sai do cômodo).
Pai – Não precisava ser assim. (Diz para si mesmo). A culpa foi sua, Abigail.
(O pai deixa o cômodo. Ambos entram na viatura policial e deixam o local).

Nenhum comentário: