24 de jun. de 2010

Aproximações

Por Amanda Cinelli

Sozinha no terraço há pelo menos 2 horas olhava para o céu, para rua, para os carros. De joelhos, de pernas cruzadas, de barriga para cima, de bruços, de todos os jeitos era fácil ficar e difícil sair. Enumerar o cotidiano tinha se tornado meu passa-tempo preferido. Já tinham passado dois pássaros grandes e um avião sobre mim. Lá em baixo eu vi 13 cachorros passeando com seus donos, 5 cachorros de rua sozinhos, 2 gatos no prédio vizinho, dezenas de pessoas, centenas de carros e uma charrete. Contar o que passava por mim sempre pareceu mais interessante do que contar o que se passava em mim. No alto do 12º andar parecia ainda mais fácil. Mais próximo das nuvens, mais distante do concreto, mais próximo do vento, mais distante de você. Tinham 4 grandes nuvens na minha cabeça naquele dia. Quatro era a quantidade mais divertida de se observar. Mas não naquele dia. Naquele dia quatro foram os meus problemas, quatro foram as minhas dúvidas, quatro foram as vezes em que subi na bancada. Eu precisava me aproximar de você. De uma vez eu pulei.

Nenhum comentário: